PSICOLOGIA


Professora Claúdia Martins - (22/05/2020)


Olá, alunas e alunos de Psicologia de todas as turmas!
Vocês encontrarão hoje, logo abaixo, três arquivos. Os dois primeiros arquivos são podcasts (arquivos de áudio) gravados por mim pra vocês. O terceiro é um arquivo de texto com as próximas atividades. 
Entrem em contato comigo pelo email: claudia.sm1973@hotmail.com 
Ou pelo Messenger (Facebook) para enviar as respostas ou para qualquer dúvida!
Um beijo! Bom trabalho!
Professora Cláudia Martins
Psicologia. Turmas 43, 46, 53, 54, 56, 63, 66, 431, 432, 441


TRECHOS DA ENTREVISTA COM O PSICANALISTA GAÚCHO EDSON LUIZ ANDRÉ DE SOUSA. A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA FOI PUBLICADA NO SITE HTTPS://GAUCHAZH.CLICRBS.COM.BR/ NO DIA 13/04/2020 ÀS10H35MIN. POR TICIANO OSÓRIO

Dias atrás, em seu perfil no Facebook, o psicanalista gaúcho Edson Luiz André de Sousa fez um post intitulado "Sobre o que nasce, apesar de tudo". No texto(...) o professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA) refletiu sobre "a sinfonia imensa dos gestos solidários, das palavras de afeto, das imagens de esperança" produzidas aos milhares dentro das casas durante a quarentena imposta pelo coronavírus. (...)
— Somos obrigados a encontrar estratégias de sobrevivência diante deste cenário de morte. A pandemia acionou nosso espírito de criatividade. Espero que isso nos enriqueça no futuro — diz Sousa, que, nesta entrevista, fala sobre a importância do fortalecimento dos laços afetivos e das redes de apoio (que geram um sentimento de pertencimento ao mundo) e sobre o poder da arte, capaz de "nos despertar, uma forma de ativar nossa consciência diante da realidade que vivemos e da realidade que desejaríamos viver".

O que é viver nos tempos de coronavírus?
É um desafio para cada um de nós, pois fomos abruptamente confrontados com uma sensação generalizada  de desamparo. Para muitas pessoas, trata-se de algo poucas vezes  experienciado na vida. Ao  mesmo tempo, somos obrigados a encontrar estratégias de sobrevivência diante deste cenário de morte. A ideia de contaminação se impôs e, paradoxalmente, vivemos a ambiguidade de nos distanciar fisicamente de nossos parentes, vizinhos, amigos, mas também de estreitar laços afetivos, compensando em parte esse distanciamento. A angústia também se fez presente, na medida em que o coronavírus desafia o saber humano e a ciência, já que ainda não temos respostas para o tratamento e vacina. Foi possível identificar imediatamente reações variadas que vão desde uma negação completa até situações de pânico. O fato de ser um acontecimento mundial também tem sua relevância, pois embora cada país esteja vivendo a pandemia de uma forma singular, há uma vivência compartilhada no mundo todo. Se por um lado vemos algumas atitudes colaborativas, por outro nos assustamos com uma espécie de guerra sanitária que surge, com aviões sendo retidos em alguns países com máscaras e equipamentos hospitalares, enfim, um verdadeiro horror. No Brasil, particularmente, a situação do vírus colocou também em pauta nossa situação política, sobretudo pela negligência com que o presidente vem lidando com esta situação. (...)De alguma forma, o vírus trouxe à cena a necessidade de lermos a história de nosso tempo. No que diz respeito à vida privada, a pandemia nos exigiu criar novos estilos de vida e estratégias de sobrevivência. Enfim, acionou nosso espírito de criatividade.
Estamos testemunhando várias situações de familiares distantes se aproximando, de amigos voltando a falar, de pais e mães convivendo mais com os seus filhos, de muitas pessoas tendo que fazer atividades que antes delegavam, como cuidar da casa, fazer comida. Quem sabe esse sentimento não despertará em nós outros valores, outras prioridades, outro estilo de viver?"

Os sentimentos bonitos que afloraram, como empatia e solidariedade, vão permanecer? 
Meu desejo é de que permanecessem, mas tenho minhas dúvidas. Esta empatia e esta solidariedade, tão presentes em muitas pessoas, estão longe de ser unânime. Vemos redes de apoio aos mais vulneráveis se multiplicando, mas, ao mesmo tempo, pessoas virando as costas para o mundo, se preocupando única e exclusivamente com sua sobrevivência e suas estratégias de isolamento. Isso é algo que vem sendo bastante debatido: o fortalecimento das redes de apoio, que já existiam mas que agora precisam ainda mais estarem em pauta. De toda forma, me parece impossível que a vida seja retomada normalmente como era antes. (...)"Não podemos voltar ao normal, porque o normal era exatamente o problema". Este vírus colocou em cena muitas das fragilidades de nosso pacto social e, entre eles, o mais escancarado de todos que é a desigualdade social. Uma hipótese a levar em conta é de que, depois que tudo passar, seremos todos de certa forma sobreviventes. Quem sabe esse sentimento não despertará em nós outros valores, outras prioridades, outro estilo de viver?  Estamos testemunhando várias situações de familiares distantes se aproximando, de amigos voltando a falar, de pais e mães convivendo mais com os seus filhos, de muitas pessoas tendo que fazer atividades que antes delegavam, como cuidar da casa, fazer comida. Espero que isso nos enriqueça no futuro.

Para alguns, a quarentena é uma privação de prazeres e da rotina, uma dor de cabeça mais longa. Para outros, pesa mais: pode já ter significado o desemprego e a falta de dinheiro para alimentar a família. Para além do auxílio econômico, como se pode contribuir para a saúde mental dessas pessoas?
Tens razão em apontar esta diferença brutal no que diz respeito à desigualdade social. Inclusive, é paradoxal percebermos o quanto a indicação "fique em casa" escancara o fato de que milhares de pessoas não têm casa ou vivem em habitações precárias. As orientações de higiene também evidenciam isso, pois uma numerosa população não têm acesso a saneamento básico e água tratada. A esperança é de que esta pandemia, mais uma vez, funcione como um alerta ao mundo de que não poderemos seguir vivendo diante de tal desigualdade social. No que diz respeito à saúde mental, eu destacaria dois fatores importantes: o papel dos laços afetivos tanto com as pessoas mais próximas, familiares, amigos, como eventualmente com  pessoas mais distantes em gestos solidários. Tais atitudes geram no sujeito um sentimento de pertencimento ao mundo, de valor, e isso é fundamental para a sua saúde psíquica. Um segundo fator, que considero importante, é a esperança. Poder imaginar um mundo melhor depois de tudo isso traz um pouco de paz à angustia. Imaginar um futuro aciona o que temos de mais precioso para nossa saúde psíquica: desejar.

Qual é o papel da arte neste momento?
O papel da arte é fundamental. A arte sempre foi um meio de ver e ler o mundo de forma crítica, acionando assim nossa responsabilidade diante do que vivemos. (...) penso a arte como uma forma de despertar, como uma forma de ativar nossa consciência diante da realidade que vivemos e da realidade que desejaríamos viver. Outro fator relevante é que muito da produção criativa traz junto narrativas da história e de como podemos aprender com as experiências que a humanidade já viveu(...)

É possível ser criativo em meio à ansiedade, ao estresse, ao medo?
Sim. Em primeiro lugar, é importante salientar que ser criativo não significa necessariamente criar obras de arte. Podemos ser criativos reinventando nosso cotidiano, buscando desenvolver outros olhares sobre o mundo. Mudar um hábito, algo ao mesmo tempo simples e complexo, não deixa de ser uma proposição criativa. Resgatar uma habilidade adormecida, imaginar uma receita diferente, anotar os sonhos que teve à noite, e tantas outras coisas que podemos descobrir bem perto de nós, ativa também nosso poder de criação. Até diria que nestas situações a força criativa surge como estratégia de sobrevivência, e por vezes, com mais força. Temos vários relatos de obras criadas em situações extremas. (...)Dostoievski escreveu Memórias do Subsolo diante do leito de morte de sua mulher em uma situação desesperadora de crise financeira. Graciliano Ramos iniciou a escrita de Memórias do Cárcere na prisão. Nessas horas de desamparo e medo, a criação surge como oxigênio abrindo para o sujeito alguma saída. Mesmo em situações em que uma saída não se anuncia para o autor, criar algo tem a força de servir como testemunho(...) Por aqui, um amigo artista, Leandro Selister, criou um grupo no Facebook, Nosso olhar, convidando as pessoas a compartilharem uma foto de sua janela durante a quarentena. Estamos vendo a construção de uma grande poesia visual!

Que outras atitudes positivas podemos ter frente à pandemia?
Acho que esta pandemia abre a chance para cada um de nós rever seus valores, seu estilo de vida, sua forma de habitar o tempo. Muitos estão tendo a surpresa de se reencontrar com amizades esquecidas, com livros guardados na estante. Como nunca, é tempo também de pensar no outro e, neste sentido, acho que colocar em ação movimentos solidários. Isso se faz ainda mais urgente quando o Estado não cumpre a função que deveria cumprir, em vir em auxílio das populações mais vulneráveis. Acho que esta pandemia nos ensina também o papel da informação e que é nossa responsabilidade buscá-la de forma crítica. A onda de fake news que o mundo vive há alguns anos é outro vírus que temos de enfrentar. Dar valor ao tempo que temos e nem sempre percebemos(...)"A vida não é só trabalho. Precisamos acionar outra ocupações do nosso tempo. A imagem da morte ronda nossos pensamentos. É fundamental criarmos e ampliarmos nossos espaços de vida. Eles não são uma vacina contra o vírus, mas nos faz mais fortes psiquicamente para enfrentá-lo."

Atividade:
Responder ao questionário:
  1. O que é viver nos tempos de coronavírus?
  2. Na tua opinião, a empatia e a solidariedade que surgiram em meio à pandemia irão permanecer após a pandemia?
  3. Qual é o papel das Ciências (física, matemática, química, biologia, geografia, história, sociologia, psicologia) neste momento de Pandemia pelo Covid-19 (coronavirus)?
  4. Considerando o texto de Freud sobre a transitoriedade que é tratado no podcast, as perdas que a pandemia causou podem levar as pessoas a terem uma visão otimista ou pessimista sobre a vida? Por quê? Explique bem sua resposta:
Tirar uma foto:
Na entrevista lida, o psicanalista conta que o artista Leandro Selister convidou as pessoas a compartilharem uma foto de sua janela durante a quarentena. A tarefa aqui é a seguinte: tirem uma foto a partir da sua janela. A escolha do momento e do que querem mostrar nela é sua. Enviem com uma legenda. Procurem retratar algo que por quaisquer motivos seja significativo da sua vida atual em quarentena. 




Olá, alunas e alunos de Psicologia I, II e III!

Tenho um material que gostaria que chegasse até vocês por email ou por Facebook (mensagens).

Gostaria que vocês enviassem um email para:

claudia.sm1973@hotmail.com

Aqueles que não utilizam email, por favor, me adicione no Facebook que envio inbox (messenger):

Clau Martins


https://www.facebook.com/professoraclaudia.martins

Muito Obrigada! Aguardo vocês! Professora Cláudia❤️💛💚💜

Nenhum comentário:

Postar um comentário