Profº Flávio Lunardi - Literatura -
(02/06/2020)
AULA LITERATURA
EMILIO MEYER: PROJETO PANDEMIA
Estamos passando por um
momento definido por muitos como “um
filme de terror” nunca imaginado. Entretanto, é claro que, na literatura, no
universo de ficção, situações semelhantes a essa já foram criadas.
Veja, agora, a sinopse do
livro A Peste de
Albert Camus publicado em 1947.
Esse
livro explora os sentimentos, as emoções e as reflexões humanas que surgem numa
situação de incerteza e de insegurança. Essa história é uma metáfora da nossa
situação atual.
Outra obra literária que aborda o tema de uma pandemia é Ensaio sobre a cegueira de José Saramago .
Esse livro mostra uma narrativa envolvente provocante. Nesse caso, a
pandemia é uma cegueira branca que chega sem explicação. A história começa
quando um homem, ao estar parado
no sinal vermelho, começa a gritar que está cego, ocasionando uma confusão no
tráfego. É uma cegueira branca, um mar de leite, explica ele. Congestionamento,
xingamentos, curiosidade e pena foram somente algumas das reações à inexplicável
cegueira daquele indivíduo. O cego, no semáforo, é ajudado por outro homem,
que o leva em casa e rouba-lhe o carro. Mas o ladrão não tem tempo para
usufruir da nova aquisição, porque a cegueira também o atinge. O médico que
atende o cego, também cega, assim como cegam todos os seus pacientes
presentes na sala de estar no momento em que o primeiro cego chega. E uma
cadeia sucessiva de cegueira vai se formando. Uma cegueira diferente, pois
ela é branca. O governo não demora a perceber que se trata de uma epidemia e toma providências.
No mundo dos cegos, surge a luta pela
sobrevivência e, nesse universo, o homem vai se animalizando, ou seja,
perdendo o sentimento de amor e de solidariedade. Há uma metáfora: o ser humano não enxerga mais o outro. Ele começa agir por instinto como os animais. O mundo
fica à beira da extinção. Os cegos transformam-se, virando-se uns
contra os outros, acabando por mostrar as faces mais sombrias do ser humano.
A cidade vai se transformando num caos de destruição humana, onde cada cego
luta pela sua sobrevivência, entregando-se de tal forma ao desespero que
acabam por abandonar qualquer traço de humanidade.
Entretanto, felizmente, tão
de repente como veio, a cegueira se vai, restando a contemplação. Há uma frase do livro importante que aborda
a importância do sentimento de esperança na vida do ser humano: “a cegueira também é isso,
viver num mundo onde se tenha acabado a esperança.”. Parafraseando, o ser humano, mesmo em situações limites, não pode perder a
esperança, que é a força motriz da vida.
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E falando em ESPERANÇA e
em DOENÇAS, não podemos deixar de nos lembrarmos
da mitologia grega. Um dos mitos gregos, a
Caixa de Pandora, tenta explicar a origem do
mal e das tragédias humanas. Esse mito também pode representar a capacidade
humana de resistir e de superar as diversas situações negativas que podem nos
afligir, pois, embora a caixa, quando aberta, expande ao mundo todos os males,
lá, no seu fundo, fica a esperança.
Leia, com atenção, o mito a Caixa de Pandora:
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No
início, na criação do mundo grego, houve uma guerra entre os titãs. Esses
eram 12 deuses que, segundo a mitologia,
nasceram no início dos tempos. Eles eram os ancestrais dos futuros deuses
olímpicos e também dos próprios mortais (os humanos). Os titãs nasceram da
união entre Urano, que representava o Céu, e Gaia, que seria a Terra. Eles
eram seres híbridos, ou seja, ora eram humanos, ora animais.
Nessa guerra, os titãs Prometeu e Epimeteu, que eram irmãos,
juraram lealdade a Zeus. Dessa maneira, eles se mantiveram ao lado desse deus durante toda a guerra travada contra
os outros titãs. Assim, Zeus permitiu que os dois criassem as primeiras
criaturas vivas do planeta. Epimeteu foi rápido e criou os animais, bem como
as habilidades especiais de cada um e a proteção para eles. Por outro lado,
Prometeu demorou a cumprir sua missão e, quando terminou de moldar o homem do
barro e da água, ele pediu que Zeus oferecesse o fogo dos deuses aos homens
para protegê-los, pois seu irmão já havia usado todas as proteções para os
animais. Zeus, entretanto, recusou a proposta. Devido a isso, Prometeu
continuou com o seu plano e roubou o fogo.
Em razão do roubo, Prometeu foi amarrado
em uma montanha, onde era atacado por uma águia. Todos os dias, a ave comia
seu fígado, que voltava a crescer durante a noite. Da mesma forma, Zeus achou
que era necessário punir os homens. Assim, Zeus criou a
primeira mulher: Pandora. Ela recebeu dons de todos os deuses, incluindo
sabedoria, bondade, paz, generosidade e saúde. Além disso, foi moldada com a
beleza da deusa Afrodite. Depois de criar Pandora, deus enviou
a mulher para se casar com Epimeteu. Junto da esposa, ele recebeu uma caixa
com vários males. Ainda que Epimeteu não soubesse o que a caixa guardava,
recebeu a orientação de nunca abri-la. Chamada de Caixa de Pandora, ela era
guardada por duas gralhas barulhentas.
Utilizando sua beleza natural, Pandora convenceu Epimeteu a se livrar
das gralhas. Como esse conseguiu espantá-las e, aproveitando a falta de
proteção da caixa, a mulher, como é curiosa, acabou abrindo o presente. Assim
que a Caixa de Pandora foi aberta, saíram dali coisas como ganância, inveja,
ódio, dor, doença, fome, pobreza, guerra e morte. Assustada, Pandora fechou a
caixa. Apesar disso, algo ainda havia ficado lá dentro. Uma voz vinha da
caixa, suplicando pela liberdade, e o casal decidiu abri-la novamente. Isso
porque eles acreditavam que nada poderia ser pior do que tudo que já havia
escapado.
O que restava lá dentro, entretanto, era
a esperança. Dessa forma, além de liberar a
dor e sofrimento do mundo, Pandora também liberou a
esperança que permitia enfrentar cada um dos males. Assim, tudo o que
restava na caixa era a esperança, que voou da caixa, tocando as feridas
criadas e curando-as. Dessa forma, embora Pandora tenha liberado dor e
sofrimento no mundo, ela também permitiu que a esperança surgisse na
humanidade.
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Quem abre a caixa de
Pandora encontra a esperança para saber viver.
Mas, o que é saber viver? Cora Coralina nos
responde:
Agora, voltando aos nossos dias, estamos
passando, na nossa vida real, pela
pandemia do coronavírus. Leia, agora, um trecho da crônica de Juremir Machado da Silva (Correio do Povo: 11 de maio
de 2020), na qual ele relata a sua experiência após ficar curado da Covid-19.
Porque falo disso ( da solidariedade que
recebi) agora? Porque a atenção das pessoas me comove. Em meio ao desalento da
pandemia aparecem pessoas maravilhosas, interessadas, gente com quem eu havia
perdido o contato, conhecidos apenas, leitores, ouvintes. O mundo, apesar do
tempo difícil, revela o seu lado bom. Comento também por acreditar que a tarefa de cronista é universalizar
o particular e
tratar das coisas de seu tempo.
Hibernei.
Estou voltando à superfície aos poucos. Tenho a impressão de que serei outra
pessoa. Não digo que serei melhor ou muito menos perfeito. Digo que olharei
para as coisas que não me chamavam atenção.
Estou
vivo e apaixonado pela vida. Quero a alegria dos encontros com amigos, o
carinho das relações com a família, o estímulo dos desafios do trabalho, a
energia da arte, a beleza dos dias de sol. Quero ser o cronista de um
novo tempo de esperança, que só
começará para todos, de fato, quando a ciência tiver a vacina contra o corona.
Proposta: Você vai se transformar num cronista, cuja
função é “universalizar o particular “ e
escrever uma crônica, refletindo sobre os teus sentimentos nesse período de
quarentena e quais são as suas esperanças nesse
momento. Pode também, transformar-se num poeta e escrever um pequeno poema
sobre o que estamos vivendo nesse tempo de pandemia.
Você pode
enviar para o meu e-mail: flaviolunardi@uol.com.br
ESCREVER SOBRE UM TEMPO É ETERNIZAR
UM SENTIMENTO
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Bom trabalho,
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